Composição da Abutua
Entra na composição do curare dos aborígines Temanas, porém sua ação fisiológica é muito diversa da que normalmente possui esse poderoso veneno Sagitário”. Escreveu o autor do “Dicionário das plantas úteis do Brasil” a respeito da verdadeira abutua, a Chondodendron platyphyllum, Miers, abundante nos Estados do Rio, Paraná, Espírito Santo e Minas Gerais: “Fruto composto de 3/6 drupas elipsóides, ou ovóides, curto-pedunculadas, contendo polpa vermelha, comestível, agradável ao paladar, envolvendo uma semente sem albúmen e de sabor amargo. É esta uma das plantas brasileiras que têm despertado maior atenção no mundo científico e provocado importantíssimas investigações químicas e fisiológicas, desde que pela primeira vez chegou à Europa (1688) até há pouco, levadas ao melhor termo no Museu Nacional do Rio de Janeiro (Lacerda). Seu valor reside na raiz, a parreira brava da farmacopéia universal, de cor amarelada ou parda-centa, eficaz contra numerosas afecções (anemia, clorose, dis-pepsias atônicas, cálculos renais, febres intermitentes, eólicas uterinas, menstruações difíceis ou supressão dos lóquios, hidropisia, orquites etc. etc, com ação especial sobre as fibras musculares, que tonifica, facilitando assim a boa digestão; atua também sobre o catarro vesical e sobre a mucosa uterina podendo, até, produzir aborto, se a dose for excessiva. Contém o alcalóide pelosina, enérgico veneno paraliso-muscular, cuja ação se localiza principalmente sobre os músculos lisos dos vasos, causando o enfraquecimento progressivo do coração e logo após a morte (Lacerda): dois centímetros cúbicos da solução do extrato bastam para matar em poucos minutos. É, portanto, um medicamento tóxico de uso altamente periculoso; os antigos jesuítas, porém, fizeram dele extenso e inteligente emprego no combate às febres palustres, pois hoje sabemos que a pelosina é um sucedâneo da quinino.